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Inferno astral de efeito retardado

  • Foto do escritor: Michelle Ramos
    Michelle Ramos
  • 18 de ago. de 2019
  • 2 min de leitura

A cada vez que venho aqui e posto um texto ouço pedidos para escrever um livro. Até o momento tenho 5 leitores garantidos (alô Companhia das Letras!). A questão é que não sou exatamente uma escritora. Sou apenas uma contadora de histórias. Uma vez fui comparada a Sherazade, mas essa é outra história... Trago para vocês histórias que eu vejo e vivo. Então volto hoje para contar mais história.


Pois bem, fiz 40 e tal, novo ciclo iniciando, fiz meu textão anual de aniversário contando a história do platô. Tudo lindo e maravilhoso, mas...


AGORA VEM A HISTÓRIA


Segunda-feira saí para o trabalho como mais um dia útil qualquer. Fui para minha aula de acrobacias aéreas (a.k.a circo) e voltei para casa. Assim que abri a porta da minha residência, vi um cenário inacreditável: a janela da área de serviço que sempre fica aberta deixou entrar a chuva. Da janela para o armário temos uma distância de 1,50m. O armário estava sujo de LAMA. Detalhe: eu moro no 12o. andar. Nem vou falar do chão cheio de terra e água e das variações dessa mistura. O que me assustou mesmo foi ver que o vento arrancou uma das portas do armário. A sujeira, a bagunça, o inusitado, tudo isso ficaria em segundo plano no transcorrer da semana, quando percebi que a vida estava apenas me mandando um recado.


Vamos voltar ao platô? Então, sabe aquela história da vida buscar caminho? É verdade, só não é assim tão simples. Aparentemente Deus divorciou-se da Mãe Natureza, com quem foi casado por uns anos. Atualmente eles encontram-se em divórcio litigioso e estou sendo vítima dessa briga. Sabe as plantinhas que estavam brotando na minha vida? Pois então, Deus mandou uma chuva ácida e matou tudo. Esse Kramer x Kramer celestial está dificultando bastante as coisas para mim.


Aquela ventania bagunçando tudo era o prenúncio dos dias que se seguiriam. Em menos de 24h tudo saiu do trilho. O meu mundo desabou (drama queen). Hoje olho para os escombros e me pergunto o que fazer. Posso andar sobre a pilha de destruição e tentar recolher algumas coisas... mas o que? Como escolher o que resgatar? De alguma forma, tudo que está soterrado e for resgatado trará junto a lembrança do desmoronamento... Então hoje eu olho as ruínas da minha vida com cara de meu-Deus-o-que-é-isso, paralisada diante de tanto estrago.


Sabem o incêndio do Museu Nacional? Aplique isso a minha vida, mas derrube as paredes do palácio também. Pronto, agora a analogia está perfeita. Estou no topo do que sobrou, olhando a fumaça, aguardando que no litígio de Deus com a Mãe Natureza caia outra chuva. Sim, outra chuva. Ela pode vir ácida e matar as plantas, ela pode vir violenta inundar a casa e arrancas as portas. Mas ela pode vir pujante e disciplinada. Ela pode vir lavar minha alma e matar minha sede. E a chuva que um dia veio e destruiu pode me ajudar a seguir em frente.


Você percebe que está velho quando Raul Seixas começa a fazer sentido...


"Eu perdi o meu medo

O meu medo, meu medo da chuva

Pois a chuva voltando

Pra terra traz coisas do ar

Aprendi o segredo, segredo

O Segredo da vida

Vendo as pedras que choram sozinhas

No mesmo lugar"

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